- Fragmentos do Marco Antonio Cruz, Obvious - Não tem acento.
[...] Meu lema é: a linguagem e a vida são uma coisa só.[...]
"Ao despois de depois, andaram dizendo que você tinha inventado uma língua nova e eu não gosto de língua inventada. Sempre arreneguei de esperantos e volapuques. Vai-se ver, não é língua nova nenhuma a do Riobaldo. Difícil é, às vezes. Quanta palavra do sertão! A princípio, muito aplicadamente, ia procurar a significação no dicionário. Não encontrava. (…) Tinha vezes que pelo contexto eu inteligia: ‘ciriri dos grilos’, ‘gugo da juriti’ etc. Mas até agora não sei, me ensine, o que é ‘arga’, ‘suscenso’, ‘lugugem’ e um desadôro de outras vozes dos gerais. Tinha vezes que eu nem podia atinar se a palavra era nome de bicho vivente, plantinha ou coisa sem corpo nem côr nem coragem, abstrato que se diz, não é? Ou é? Ou será? Ainda por cima disso, você fez Riobaldo poeta, como Shakespeare fez Macbeth poeta.”
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