quinta-feira, 30 de abril de 2015

- junto


[...]
E o amor sai com a gente de bicicleta só pra passear
O nosso abraço levado nas asas do cometa noturno
Faz colorir o mundo e as fábrica funcionar
Felicidade por segundo
Um batuque vagabundo e belo que faz sorrir
  
- [...] A gente junto é muito bonito [...]

Validuaté:

quarta-feira, 29 de abril de 2015


“Debaixo d'água tudo era mais bonito, mais azul mais colorido, só faltava respirar, mas tinha que respirar… Debaixo d'água protegido salvo fora de perigo aliviado sem perdão e sem pecado, sem fome, sem frio, sem medo, sem vontade de voltar, mas tinha que respirar.”

A.Antunes

“Muitas vezes me enganei e não raro tive que aprender tudo de novo. Mas sei – e por isso me conformei – que é só da noite que se faz o dia, e que a verdade sai do erro. […] Por isso nunca tive medo do erro, nem dele me arrependi seriamente. […] Nem tudo o que exponho foi escrito com a cabeça; muita coisa também saiu do coração.”
 
- C.G. Jung





A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida…

Mário Quintana
- Melindros - via;

devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.
os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
foste eterna até ao fim.


José Luís Peixoto
- “A Casa, A Escuridão”

quinta-feira, 23 de abril de 2015

folha de'


inventar a si mesmo é osso
vivemos de inventar o outro

[arrudA]

fcbk


olhávamos
para o céu
perplexos
ainda
não havia
alfabetos
e outros
sistemas
numéricos
atravessamos
mares
e desertos
hoje
nos teus
olhos
tenho
como
certo
o infinito
é bem


mais perto

[arrudA]

jorge-ogum

-

Eu sou descendente zulu
Sou um soldado de ogum
Um devoto dessa imensa legião de Jorge
Eu sincretizado na fé
Sou carregado de axé
E protegido por um cavaleiro nobre

Sim vou na igreja festejar meu protetor
E agradecer por eu ser mais um vencedor
Nas lutas nas batalhas
Sim vou no terreiro pra bater o meu tambor
Bato cabeça firmo ponto sim senhor
Eu canto pra Ogum


Um guerreiro valente que cuida da gente que sofre demais
Ele vem de aruanda ele vence demanda de gente que faz
Cavaleiro do céu escudeiro fiel mensageiro da paz
Ele nunca balança ele pega na lança ele mata o dragão
É quem da confiança pra uma criança virar um leão
É um mar de esperança que traz abonança pro meu coração



Ogum
Ooogum

"Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem
Tendo mãos não me peguem não me toquem
Tendo olhos não me enxerguem
E nem em pensamento eles possam ter para me fazerem mal"

“Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, estando a dormir ou acordado.”

W. Shakespeare

- Enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia[...]

quinta-feira, 16 de abril de 2015

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“O ar tinha gosto de sábado. E de súbito os dois eram raros, a raridade no ar. Eles se sentiam raros, não fazendo parte das mil pessoas que andavam pelas ruas. Os dois às vezes eram coniventes, tinham uma vida secreta porque ninguém os compreenderia. E mesmo porque os raros são perseguidos pelo povo que não tolera a insultante ofensa dos que se diferenciavam.”

Clarice Lispector

quarta-feira, 15 de abril de 2015


Eu sei que se tocasse -

com a mão aquele canto do quadro
onde um amarelo arde
me queimaria nele
ou teria manchado para sempre de delírio
a ponta dos dedos.

Pintura,

Ferreira Gullar

terça-feira, 14 de abril de 2015

- Somos todos míopes,
exceto para dentro.
Só o sonho vê com (o) olhar.

Bernardo Soares - ht.


[...]
Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto.
Livro do Desassossego,
F. Pessoa.
“te amo ainda que isso te fulmine ou que um soco na minha cara me faça menos osso e mais verdade.”
- hilda hilst

Rubem Alves



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"Desaprendi o silêncio e aprendi o barulho. Acostumei-me e passei a precisar dos seus sons para poder dormir. Depois de algum tempo, é o silêncio que tira o sono. Porque no silêncio, quando não há bichos soltos do lado de fora, os bichos que moram dentro começam a uivar. O bom do barulho da cidade é que ele abafa os barulhos dos bichos da alma."
"Uma vontade de enrolar-se sobre si mesma, os olhos, ah, sobretudo os olhos, virados para dentro, mais, mais, mais, até poderem alcançar e observar o interior do próprio cérebro, ali onde a diferença entre o ver e o não ver é invisível à simples vista."

Saramago, José;
“De tempo somos.
Somos seus pés e suas bocas.
Os pés do tempo caminham em nossos pés.
Cedo ou tarde, já sabemos, os ventos apagarão as pegadas.
Travessia do nada, passos de ninguém? As bocas do tempo contam a viagem.”
 
-
Eduardo Galeano

segunda-feira, 13 de abril de 2015

amor é sinestesia


“Quem é belo é belo aos olhos – e basta. Mas quem é bom é subitamente belo.”
– Safo de Lesbos



Hoje eu sei que é um misto de tudo isso, é a sinestesia [...] Se fosse só belo, talvez não mais me tivesse, não mantivesse.
[...]
A beleza das palavras me encantou, mas é o bem que elas me trazem diariamente que transforma esse encantamento em amor. É essa a beleza da bondade.


Fragmento do EoH;
Eduarda Costa - 2014.

fp


"A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas
Essas e o que falta nelas eternamente
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.” 

—  Álvaro de Campos
3 de setembro de 1940
3 de setembro de 1940

3 setembro 1940
13 abril 2015

Galêbad

sexta-feira, 10 de abril de 2015

smmackss cigarretss


"Vou sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"
Tumblr-zinho

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sópalá vras
- necrológio
“Eu tenho ideias para romances. Ela tem ideias para a vida. E eu não sei o que é mais importante.”
Saramago e Pilar

ieeeééééé


de azul;


~
em mim eu vejo o outro,
e outro, e outro
enfim dezenas
trens passando, vagões cheios de gente
centenas o outro
que há em mim
é você
você
e você
assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós
~

-Paulo Leminski-

terça-feira, 7 de abril de 2015


“Uma flor ou um ramo florido bem poderiam refletir o modelo de vida com a mais pureza do que qualquer homem que se considerasse um fenômeno excepcional.”

e por que não falar das flores?
Larissa Mota Calixto



"E aquilo que o discípulo aprende ao escutar o coração da flor e o que incorpora a seu próprio coração, ele repartirá com os outros, de modo generoso e desinteressado. Assim uma eterna corrente de amor flui do coração da flor para o coração do homem, chegando até o coração do Todo, e do mesmo modo no sentido inverso"

+1guimarães

"Goethe nasceu no sertão, assim como Dostoievski, Tolstoi, Flaubert, Balzac… porque o Sertão é o terreno da eternidade, da solidão, onde o interior e o exterior não podem mais estar separados.”

- Fragmentos do Marco Antonio Cruz, Obvious - Não tem acento.

[...] Meu lema é: a linguagem e a vida são uma coisa só.[...]
"Ao despois de depois, andaram dizendo que você tinha inventado uma língua nova e eu não gosto de língua inventada. Sempre arreneguei de esperantos e volapuques. Vai-se ver, não é língua nova nenhuma a do Riobaldo. Difícil é, às vezes. Quanta palavra do sertão! A princípio, muito aplicadamente, ia procurar a significação no dicionário. Não encontrava. (…) Tinha vezes que pelo contexto eu inteligia: ‘ciriri dos grilos’, ‘gugo da juriti’ etc. Mas até agora não sei, me ensine, o que é ‘arga’, ‘suscenso’, ‘lugugem’ e um desadôro de outras vozes dos gerais. Tinha vezes que eu nem podia atinar se a palavra era nome de bicho vivente, plantinha ou coisa sem corpo nem côr nem coragem, abstrato que se diz, não é? Ou é? Ou será? Ainda por cima disso, você fez Riobaldo poeta, como Shakespeare fez Macbeth poeta.”

1guimarães

“Por que a gente só precisa de pés livres, mãos dadas e olhos bem abertos”!
" O Ser-Tão é o mundo [...] No sertão, o homem é o 'eu' que ainda não encontrou um 'tu'."

- viver é etecetara, diz o Jão'

.

poesia científica



Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda' pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos - Engenho Pau d'Arco, Paraíba

melindros

Há-de haver uma cor por descobrir,
Um juntar de palavras escondido,
Há-de haver uma chave para abrir
A porta deste muro desmedido.
Há-de haver uma ilha mais ao sul,
Uma corda mais tensa e ressoante,
Outro mar que nade noutro azul,
Outra altura de voz que melhor cante.
Poesia tardia que não chegas
A dizer nem metade do que sabes:
Não calas, quanto podes, nem renegas
Este corpo de acaso em que não cabes.

- José Saramago

hilda

“te amo ainda que isso te fulmine ou que um soco na minha cara me faça menos osso e mais verdade.”
 hilst
April Och Tystnad

Våren ligger öde
Det sammetsmörka diket
krälar vid min sida
utan spegelbilder.

Det enda som lyser
är gula blommor.

Jag bärs i min skugga
som en fiol
i sin svarta låda.

Det enda jag vill säga
glimmar utom räckhåll
som silvret
hos pantlånaren.


Tomas Tranströmer

segunda-feira, 6 de abril de 2015

o que você nunca soube


Que corpo é esse?
O corpo ocupa. Culpa - Espaço.
Origem - passado.
Se esgota e não se resgata.




[...] E nem era nada demais. É que com você eu sou eu e mais mil outros eus.
Que é pra te agradar e te contrariar [...]

-  [...] os meus melhores textos são sobre você [...] - 

DaniBê e o lance das cartas que eu nunca mandei, escritas por ele.

[dezembro 02UTC 2012]
: a velocidade do/a Vera - sem ponto nem vírugula

verso avulso

"Os seus dedos de unhas levemente crescidas passeiam pelo meu braço e eu tento disfarçar o arrepio, mas falho. Você sorri com seu sorriso hollywoodiano, seus dentes brancos e pontiagudos aparecendo por detrás dos lábios finos, machucados de mordidas minhas e suas e de tantas outras mais. Te ofereço uma olhadela tímida, envergonhada da minha entrega, consternada porque não sei fingir que meu sangue não corre ao contrário quando dividimos o mesmo quarto."

[...]

Quarto. Sala. Festa lotada. Corredor. Vagão de metrô. Qualquer lugar em que você esteja se torna subitamente pequeno demais, quente demais e eu me pego pedindo para todo mundo mais desaparecer e tudo virar eu, e tudo virar você, e tudo virar nosso abraço torto, nossa urgência de toques, palavras, gargalhadas histéricas


[...] e te ver por dentro e te descobrir bonito e real. [...]

[...] - acho que ouço seu coração! - [...]*Entoo baixinho, no meu francês mais imperfeito*[...]



Você não me pertence.1escrita: J. del Rosso
2 - 1som - J’Arrive A Toi


- entretodasascoisas.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

mi ni na


Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!


- Castro Alves

quarta-feira, 1 de abril de 2015

autorização

Hora, possibilidade, instrumento rasgado parede sonora, elevação de linha abaixo do horizonte, toque banal, crua emoção de todo mundo, vestígio tranquilo nota deixada, timbre suavidade e raiva. Contraponto toda hora. Possibilidade. Não cansa quando continua, desmonta-se em vertente, cópia e fluxo. Continuação do toque, roçando a transição do movimento em frequência, falando do comum em entonação incomum. está vivo e permite.
Angela M. - Rastro.

toque'dela


Porque se eu to com ela
Eu não quero mais ninguém
Eu vou no toque dela
E ela vai no meu também
Pra mim ta tudo certo
E eu já nem me importo mais
Eu quero ela por perto
E eu não ligo pros jornais

Uh oh
Uh oh


Acho graça quando no silêncio dessa noite
Você passa sem pensar

LosH.