quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

doispontocinco'

Dizer que escreverei com as palavras
soa redundante,
mas não o é.
Pois geralmente escrevo com os sentimentos.
Todavia, hoje eles se abrigam no sorriso dela,
no modo de olhar esnobe dela,
no rosto expressivo,
Nos gestos alegres.
E eu, eu me calo.
Me silencio.
Eu não sou mais,
sou menos.

Escrevo com as palavras,
pois se usar dos sentimentos,
palavras já não mais sairão.
Teríamos folhas machadas de lágrimas e nada de versos solitários.
E meu leitor –que sou apenas eu–
opta pelos versos embutidos
nos corações amargos dos prostíbulos,
ou nos corações amargos dos palácios.
Qual a diferença? – na calada da noite, eles se misturam.
São todos corações amargos
e solitários.
A não ser eu,
Pois eu tenho as palavras.

Do alto da minha janela,
admiro seu sorriso, sem palavras.
Sobre as folhas amarelas,
Vejo-a dançando, sem palavras.
Pela luz da sua arandela,
admiro seu olhar, sem palavras.
Esquecendo-me da minha aureola
Vejo-a transando, sem palavras.
Percebo, então, algo que me horripila;
Sem palavras ela me diz
que renasceu.
Sem palavras ela me diz.
que me esqueceu.
Sem palavras ela me diz
que meus versos já não valem mais nada.

[nem, sequer, uma palpitação

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