"Somos todos
um bando de viciados,
enquanto o mundo
não para nunca,
acelera
e nos engole.
Viciados
nas imagens cinematográficas
no noticiário da Folha de domingo
no rebolado de Cecília na avenida
na bebida, no Malboro, na escrita,
no sorriso escancarado de Joel
no espetáculo tragicômico da vida
no amor
na ferida
nas flores que despistam a morte
na despedida.
Somos todos
um bando de viciados
enquanto o caos
não para nunca,
acelera
e nos engole por dentro.
E depois do estrago o suicídio abre as gavetas
e escrevemos todas as magoas, as metades, as perdas
escancaramos nossas almas sem sinal nem cortinas
iniciamos o espetáculo da utopia desvanecida
porque chorar se torna medíocre
porque as mãos estão suadas e escorregadias
porque você não se cansa de ir embora
porque a visão não permite mais o foco
e a realidade escapole e afoga
e o amor alucina e ressuscita a única saída,
a poesia.
Somos um bando de poetas enlouquecidos."
-
Elisa Bartlett
Cafe e poesias - via.
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