“A princípio foi este olhar um simples encontro; mas, dentro de alguns instantes, era alguma coisa mais. Era a primeira revelação, tácita mas consciente, do sentimento que os ligava. Nenhum deles procurara esse contato de suas almas, mas nenhum fugiu. O que eles disseram um ao outro, com os simples olhos, não se escreve no papel, não se pode repetir ao ouvido; confissão misteriosa e secreta, feita de um a outro coração, que só ao céu cabia ouvir, porque não eram vozes da terra, nem para a terra as diziam eles. As mãos, de impulso próprio, uniram-se como os olhares; nenhuma vergonha, nenhum receio, nenhuma consideração deteve essa fusão de duas criaturas nascidas para formar uma existência única.”
- Machado de Assis
sábado, 30 de março de 2013
quinta-feira, 28 de março de 2013
terça-feira, 26 de março de 2013
Fcj
É uma coleção de despropósitos carregados de sentido -
"Admirável humanização que se estende a cada verso. Ler o poeta é perdoar os defeitos; é não querer ser melhor do que os outros, mas melhor para si.
Anarquista por hábito e estilo, luta contra o tédio da perfeição, promove os problemas, defende a importância das dificuldades da rotina.
Por mais que os amores sejam idealizados, acordar dos traumas é a sua verdadeira paixão. Ele torce as palavras, investiga o avesso, estabelece paradoxos. Não teme enfrentar a irritação cotidiana. Não subestima os desastres familiares. Sua impaciência é honestidade. Tem noção de que viver é fácil, conviver é que complica o jogo"
"Admirável humanização que se estende a cada verso. Ler o poeta é perdoar os defeitos; é não querer ser melhor do que os outros, mas melhor para si.
Anarquista por hábito e estilo, luta contra o tédio da perfeição, promove os problemas, defende a importância das dificuldades da rotina.
Por mais que os amores sejam idealizados, acordar dos traumas é a sua verdadeira paixão. Ele torce as palavras, investiga o avesso, estabelece paradoxos. Não teme enfrentar a irritação cotidiana. Não subestima os desastres familiares. Sua impaciência é honestidade. Tem noção de que viver é fácil, conviver é que complica o jogo"
segunda-feira, 25 de março de 2013
quinta-feira, 14 de março de 2013
iportugal
Eu vou escrevendo a minha história. Ora com lápis clarinho com letra quase invisível, que são os momentos silenciosos, onde os rabiscos saem tímidos, quase sem querer. Ora com caneta preta, vermelha, forte, grifando bem as palavras para eu não me esquecer. Considerando cada momento, cada etapa, seja ela qual for de extrema importância, sem, contudo achar que estou fazendo algo fabuloso.
E não é que me falte desejos! Tenho sim, desejos de escrever uma história fenomenal, mas por enquanto fico devendo e vou apenas cumprindo a minha função de escrever alguns dias perfumados e outros sem nenhum odor. Essa tarefa eu me dou ao prazer e acho proveitoso observar que não sou restrita. Escrevo longas laudas. Apago e algumas vezes, amasso, jogo fora e começo tudo de novo.
Sem essa de melancolia. Escrevo alegremente e quando volto para reler o que foi escrito, percebo que realizei algumas coisas bacanas e cometi algumas loucuras que se pudesse não teria feito. Isso são pensamentos de minutos, pois até as loucuras me foram permitidas viver. Sem essas loucuras eu não teria colecionado um bocado de sonhos e ousadia para pensar outros.
Escrevo quando me dá na cabeça e palavras saciam minhas indagações, mesmo sem trazer respostas coerentes. Minha escrita vem da alma, sem intenção de salvar quem quer que seja. Escrevendo, permuto a tristeza, a saudade, a angústia pelo afeto e assim resolvo minhas indagações sentimentais.
Considero-me boa. Boa nos exageros, na pressa, nas urgências, na falta de paciência. Sou capaz de fazer atrapalhadas fenomenais, sem ofender ou ultrapassar meus limites.
Minha história, escrita numa letra legível, redonda e bem definida, possui uma sequência de saídas, soluções, respostas, resultados, como se fosse uma operação matemática. Estes trechos foram os momentos de sanidade, razão tomando pé da situação, dando as ordens, debochando da intolerante emoção. Vez ou outra aparecem uns lances perigosos tentando derrubar a eloqüência da razão. Nada mal para quem gosta de acertar.
Sem aceitar reprovação, alguns trechos e que são exatos do meu feitio, possuem uso sem moderação de extensa pontuação. São as vírgulas necessárias indicando um suspiro leve. As infinitas reticências, que aguardam respostas para questões subjetivas, únicas, particulares. São os tempos de fragilidade, incertezas e de lágrimas. Há ainda algumas escritas imbecis, emburradas e instigantes que variam de interrogações a exclamações, como se eu tivesse realizado grande coisa, ou colocado contra a parede a vida. A minha vida.
Existem ainda trechos de concordância dos pontos finais. Fecharam-se ciclos, concordei ou precisei aceitar algumas coisas. Aspirando um novo começo. Uma nova etapa, as reticências cumpriram sua missão. Deixando, algumas seqüelas afetivas, incapazes de reagir à tamanha decisão da minha história, os pontos finais anunciam partidas daquilo que foi vivido e chegadas, reconfortando os sonhos e acalentando as esperanças.
Mesmo assim, nos momentos de claridade, não revido ofensas e nem causo furacões de qualquer natureza. Vou vivendo um pouco aqui, um pouco ali. Deslizo. Tropeço. Acerto. Um pouco por amor e outro pouco por insistência.
Amor é minha maior substância. Com ele tenho intimidade. Aliás, interesso-me pelo amor e sinceramente espero que ele também tenha interesse em mim. Esse é o gancho que uso para entregar-me aos bons sentimentos. E desse jeito, muito pessoal eu repenso sobre meus erros. Refaço meus conceitos e rapidamente percebo que percorro sempre o mesmo caminho. Tarde demais para pensar em trocar os fusíveis do coração. Levo tudo ou tudo vai me levando.
Esses são mais tradicionais sintomas de quem se abestalha pelo amor. Fui premiada com eles todos. Com todo este desastre emocional eu me curo nas letras ou elas me curam. Pouco importa a ordem, só sei que apesar de tudo, acho isso muito libertador. Encolho-me e estico tanto o coração quanto o corpo para ver no que vai dar.
Nesse ritual, recorro com facilidade ao mundo lá fora para ver se combina com o mundo que há dentro de mim. Caso a opção seja falsa, não me encho de questionamentos. Deixo pra depois. Amanhã quem sabe volto a pensar no assunto.
Acho tudo isso bonito, mesmo sem ver sombras de glória, sucesso e uma porrada de outras coisas que deveriam submergir as histórias de vida. Essa é a minha, poxa. Bem ou mais ou menos escrita, comprova a minha existência, as minhas tentativas irritantes e a minha insignificância em alguns momentos. Escrevo e canto. Canto e escrevo, com promessas de deixar prevalecer o essencial, o básico. Deixo tudo isso caber dentro de mim e se sobrar espaços, colocarei mais romances, amores, ternuras, doses mais generosas de alegria. Tudo sempre mais, para não sobrar nenhuma página em branco.
E não é que me falte desejos! Tenho sim, desejos de escrever uma história fenomenal, mas por enquanto fico devendo e vou apenas cumprindo a minha função de escrever alguns dias perfumados e outros sem nenhum odor. Essa tarefa eu me dou ao prazer e acho proveitoso observar que não sou restrita. Escrevo longas laudas. Apago e algumas vezes, amasso, jogo fora e começo tudo de novo.
Sem essa de melancolia. Escrevo alegremente e quando volto para reler o que foi escrito, percebo que realizei algumas coisas bacanas e cometi algumas loucuras que se pudesse não teria feito. Isso são pensamentos de minutos, pois até as loucuras me foram permitidas viver. Sem essas loucuras eu não teria colecionado um bocado de sonhos e ousadia para pensar outros.
Escrevo quando me dá na cabeça e palavras saciam minhas indagações, mesmo sem trazer respostas coerentes. Minha escrita vem da alma, sem intenção de salvar quem quer que seja. Escrevendo, permuto a tristeza, a saudade, a angústia pelo afeto e assim resolvo minhas indagações sentimentais.
Considero-me boa. Boa nos exageros, na pressa, nas urgências, na falta de paciência. Sou capaz de fazer atrapalhadas fenomenais, sem ofender ou ultrapassar meus limites.
Minha história, escrita numa letra legível, redonda e bem definida, possui uma sequência de saídas, soluções, respostas, resultados, como se fosse uma operação matemática. Estes trechos foram os momentos de sanidade, razão tomando pé da situação, dando as ordens, debochando da intolerante emoção. Vez ou outra aparecem uns lances perigosos tentando derrubar a eloqüência da razão. Nada mal para quem gosta de acertar.
Sem aceitar reprovação, alguns trechos e que são exatos do meu feitio, possuem uso sem moderação de extensa pontuação. São as vírgulas necessárias indicando um suspiro leve. As infinitas reticências, que aguardam respostas para questões subjetivas, únicas, particulares. São os tempos de fragilidade, incertezas e de lágrimas. Há ainda algumas escritas imbecis, emburradas e instigantes que variam de interrogações a exclamações, como se eu tivesse realizado grande coisa, ou colocado contra a parede a vida. A minha vida.
Existem ainda trechos de concordância dos pontos finais. Fecharam-se ciclos, concordei ou precisei aceitar algumas coisas. Aspirando um novo começo. Uma nova etapa, as reticências cumpriram sua missão. Deixando, algumas seqüelas afetivas, incapazes de reagir à tamanha decisão da minha história, os pontos finais anunciam partidas daquilo que foi vivido e chegadas, reconfortando os sonhos e acalentando as esperanças.
Mesmo assim, nos momentos de claridade, não revido ofensas e nem causo furacões de qualquer natureza. Vou vivendo um pouco aqui, um pouco ali. Deslizo. Tropeço. Acerto. Um pouco por amor e outro pouco por insistência.
Amor é minha maior substância. Com ele tenho intimidade. Aliás, interesso-me pelo amor e sinceramente espero que ele também tenha interesse em mim. Esse é o gancho que uso para entregar-me aos bons sentimentos. E desse jeito, muito pessoal eu repenso sobre meus erros. Refaço meus conceitos e rapidamente percebo que percorro sempre o mesmo caminho. Tarde demais para pensar em trocar os fusíveis do coração. Levo tudo ou tudo vai me levando.
Esses são mais tradicionais sintomas de quem se abestalha pelo amor. Fui premiada com eles todos. Com todo este desastre emocional eu me curo nas letras ou elas me curam. Pouco importa a ordem, só sei que apesar de tudo, acho isso muito libertador. Encolho-me e estico tanto o coração quanto o corpo para ver no que vai dar.
Nesse ritual, recorro com facilidade ao mundo lá fora para ver se combina com o mundo que há dentro de mim. Caso a opção seja falsa, não me encho de questionamentos. Deixo pra depois. Amanhã quem sabe volto a pensar no assunto.
Acho tudo isso bonito, mesmo sem ver sombras de glória, sucesso e uma porrada de outras coisas que deveriam submergir as histórias de vida. Essa é a minha, poxa. Bem ou mais ou menos escrita, comprova a minha existência, as minhas tentativas irritantes e a minha insignificância em alguns momentos. Escrevo e canto. Canto e escrevo, com promessas de deixar prevalecer o essencial, o básico. Deixo tudo isso caber dentro de mim e se sobrar espaços, colocarei mais romances, amores, ternuras, doses mais generosas de alegria. Tudo sempre mais, para não sobrar nenhuma página em branco.
Ac
Ai Margarida,
Se eu te desse minha vida,
Que tu farias com ela?
-Tirava os brincos do prego,
Casava c’um homem cego
E ia morar na Estrela.
Mas, Margarida
Se eu te desse a minha vida,
Que diria tua mãe?
-(Ela conhece-me a fundo)
Que há muito parvo no mundo
E que eras parvo também.
E Margarida,
Se eu te desse minha vida
No sentido de morrer?
-Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro,
Querer amar sem viver.
Mas Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
-Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
Se eu te desse minha vida,
Que tu farias com ela?
-Tirava os brincos do prego,
Casava c’um homem cego
E ia morar na Estrela.
Mas, Margarida
Se eu te desse a minha vida,
Que diria tua mãe?
-(Ela conhece-me a fundo)
Que há muito parvo no mundo
E que eras parvo também.
E Margarida,
Se eu te desse minha vida
No sentido de morrer?
-Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro,
Querer amar sem viver.
Mas Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
-Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
quarta-feira, 6 de março de 2013
¨
"Agora que sinto amor
Tenho interesse no que cheira.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver"
Alberto Caeiro, 23/07/1930
Tenho interesse no que cheira.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver"
Alberto Caeiro, 23/07/1930
segunda-feira, 4 de março de 2013
-nb-
Tem alguma coisa no teu abraço, no teu riso, que me come, que me excita, que me irrita de uma maneira despreocupada e leve. Eu aprecio cada expressão ingênua sua, me fazendo parecer a rainha do drama e sendo meu fiel cavalheiro. Existe algo nos teus olhos que me engolem firme e desesperados, suplicando por qualquer coisa que faça você permanecer no mesmo lugar, mais que alguns dias. Por vezes te vejo indo e vindo, sem rumo, sem prumo, sem grito, sem guerra; enquanto tento te explicar o quanto preciso de você aqui. Até descobrir que eu não preciso dizer nada, cada detalhe meu te abre as portas e janelas da casa. Os livros na mesa de centro, teu disco que ainda não fugiu da vitrola, tua camisa que me aquece em noites a fio, naquele inverno que parece eterno quando não está. Entrelaço meus braços pela sua cintura e me abrigo em braços largos - que me trazem certezas guardadas em um coração que eu já nem sentia mais bater
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