quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Tc

“Sinto falta de tudo se decompor em amarelo. Sinto falta da cama tão desarrumada em nossos lençóis revirados. Sinto falta daquelas pernas que um dia cercaram-me enquanto deitava, sinto falta do rosto ao ouvido. Respiração ao ouvido, respiração ao ouvido, respiração ao ouvido, respiração ao ouvido.
Sinto falta de sentir o ar levantando aquelas mãos, leves, por toda minha cintura e descendo e subindo, as unhas dela rasgando meu lado. Sinto falta do perfume a levar, a levar. Levar.
E do rosto, derretido em amarelo frio e discreto, ainda com sono, olhos sequer abertos, perfume ainda ali. Escondendo os cabelos do meu olhar, se mantendo a mostra, se mantendo em mim. Sinto falta do gosto do perfume. Do gosto e do perfume do gosto. Sinto falta do rosto e das palavras sem sons que me desfizeram em um amarelo frio e discreto”

‘Quero viver no bolso do seu jeans’


terça-feira, 27 de novembro de 2012

*

“Um homem do povoado de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir alto no céu e na volta contou: disse que tinha contemplado, lá de cima, a vida humana. E disse que somos um mar de foguinhos. O mundo é isso, revelou: um monte de gente, um mar de foguinhos. Não existem dois fogos iguais. Cada pessoa brilha com luz própria, entre todas as outras. Existem fogos grandes e fogos pequenos, e fogos de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem fica sabendo do vento, e existe gente de fogo louco, que enche o ar de faíscas. Alguns fogos, fogos bobos, não iluminam nem queimam. Mas outros, outros ardem a vida com tanta vontade que não se pode olhá-los sem pestanejar, e quem se aproxima se incendeia.”

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

ver-de

"Mas o que impressiona mesmo no amor-perfeito é o nome. Que responsabilidade, meu filho! Há por aí uma planta chamada de amor-de-um-dia, que não carece muito esforço para ser e acontecer, como doidivanas. Outra atende por amor-das-onze-horas e presume-se como sua vida é folgada. Há também amor-de-vaqueiro, amor-de-hortelão, amor-de-moça, amor-de-negro... muitos amores vegetais que desempenham função limitada. Mas este aqui não tem área específica, não se dirige a grupo, ocasião, profissão. É absoluto, resume um ideal que vai além do poder das flores e dos seres humanos. 
Que sentirá o amor-perfeito, sabendo-se assim nomeado? Que tristeza lhe transfixará o veludo das pétalas , ao sentir que os homens que tal apelação lhe dera não são absolutamente perfeitos em seus amores? Que aquele substantivo, casado a este adjetivo, sugere mais aspiração infrutífera da alma do que modelo identificável no cotidiano? 
A tais perguntas o sóbrio amor-perfeito não responde. O outono tampouco. Talvez seja melhor não haver resposta"

A flor e seu nome -

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

ver-melho

Espero o dia que vem
Pra ver se te vejo
E faço o tempo esperar como esperei
A eternidade se passar nos dois segundos sem você
Agora eu já nem sei
Se hoje foi anteontem
Me perdi lembrando o teu olhar
O meu futuro é esperar pelo presente de fazer

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

1título-

Gosto é manifestação concreta, certeira, do tesão. Do contrário, nem vale viver. Autenticidade e estilo caminham por aí: ter tesão por coisas, músicas, livros, lugares, pessoas .. Tesão por viver.
É uma questão de prática, se pensarmos bem. Quando nos fechamos em casa, trancamos também a porta da percepção da implacável vida regida pelos caprichos do tempo. Indiscutível!
É triste gastar' respiradas, nossos melhores suspiros, a próxima inspiração inspirada-ou qualquer coisa que deixamos pelo caminho-sem ser quem queremos ser. Chega de cobrança e censura, vai. A alma do negócio é deixar o momento surgir como Fênix, cruzar a rua pra encontrar alguém. Abrir a porta. Tirar a roupa na cama certa. Pular na prateleira de livros e agarrar aquele preferido, mesmo que a prateleira despenque . Sem medo nem temor. Se despencar é a custo de aprendizado e, quem sabe, dois ou três pontos doídos no supercílio esquerdo. Pulo em forma de um passo em falso. Um leve' viver errado.
Olha que vale mais viver errado do que não viver em definitivo. Seja outro amanhã. Outro você mesmo. Conjugue o verbo! É a prática de ser e mudar pelo caminho que nos conduz ao fim da sensação de dever cumprido.

"Vim, vi e vivi. Vim, vi e fui alucinadamente eu mesmo. Mirei no ar, naveguei pras' estrelas"

Sem intransigências. Reflita sobre o fato de que um dia você vai morrer. Sim, vai morrer. Sinto muito!
Então, quando esse dia chegar, daqui há cento e cinquenta anos velhos, você vai abraçar o desconhecido sem medo. Vai sussurrar no ouvido do barqueiro:
-Amei com tesão. Sofri de verdade. Fui feliz. Chorei na frente dos outros. Camelei. Trabalhei. Suei. Pernei. Dei cabeçadas em obstáculos que eram invisíveis. Acertei bem menos do que fui capaz de errar. Ainda assim, fui eu mesmo e me entreguei pro mundo como se o Apocalipse estivesse sem roupa na porta do meu quarto.
Fui Rock ou Bossa. Fui de Rock à Bossa em seis segundos. Ou, fui qualquer outra bosta.
Mas enquanto vi, vivi e escrevi, minha letra não teve fim.
É uma forma de suicídio onde você é permitido voltar à vida e começar tudo de novo no dia seguinte.
Live and let die em cores cruas'.


Que passa de vez em vento'

Olho no olho
E flor no jardim
Flor, amor
Vento devagar
Vem, vai, vem mais -

O meu amor sai de trem por aí
E vai vagando devagar para ver quem chegou' 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Versos, ver sós, ver sóis. Luz"


3f

Neste momento, penso em você e então quisera me transformar em vento.
E se assim fosse, chegaria agora como brisa fresca e tocaria de leve sua janela.
E se você me escuta e me permite entrar, em você vou me enroscar quase sem o tocar.
Vou roçar nos seus cabelos, soprar mansinho no ouvido, beijar sua boca macia, embalar no meu carinho.
Mas eu não sou vento ... Agora sou só pensamento e estou pensando em você.
E se abrir sua janela, eu estou chegando aí, agora.
Neste momento, em pensamento. No vento'

R. Shinyashiki

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Soneto'

Por que me descobriste
no abandono
Com que tortura
me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem,
morta de sono
Com que mentira abriste
meu segredo
De que romance antigo
me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem,
morta de medo
Por que não me deixaste
adormecida
E me indicaste o mar,
com que navio
E me deixaste só, com que saída
Por que desceste ao meu
porão sombrio
Com que direito
me ensinaste a vida
Quando eu estava bem,
morta de frio

amar-elo

http://vimeo.com/52843687

domingo, 18 de novembro de 2012

soul'

5j




Fecho os meus olhos e eis que surge ela, toda bela. Multicolorida! 
Entra em mim como quando em porta giratória. Desconsertando tudo, embaralhando a vida e minha alma. Porque há algo na forma que ela se move que me comove. Algo nela que me colore dos pés a cabeça.  Um estranho singular. Número solitário é ela, ímpar!
De repente sai e bate essa porta num toque de recolher suave.  Vai como folha de plátano no outono. Emana luz. E, é essa luz que chega e me invade, me atravessa e me comove. Vem logo, eu espero você.  Vem, fica e não te vá mais e nunca mais. Desfaça essa distância. Vem como sempre vem nos meus sonhos: olhos brilhantes, cheiro de amora, amor amora, joão e maria, cheia de vida, colorida. 
Vem como quiser. Eu te espero porque te quero mais perto. Quero teu corpo colado no meu, incenso e teu beijo do meu sonho. É do tipo “pensamento atropelante” com mãos que moldam, descobrem e tiram a coberta.  Vem feminino frágil de Erasmo, cê’ sabe que te espero!
E, enquanto aqui chove, lá deve ter luz.
Lá tem cor e amor. Vem!



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um cantador





De onde será que você vem

Pra me tirar de vez a solidão
Qual pensamento bom te convidou pra chegar
E me fazer feliz assim.

Veio pra mim, sem avisar
De algum lugar que ainda não vi
Clara Morena, serena alegria do amor
Que iluminou meu dom de cantador.

Tens no olhar tanto poder
Pra me aquecer a luz do coração
És a rainha, amiga do mar
A mais antiga estrela que enfim
Pude encontrar