sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

"Doce é viver nos olhos dela"
Banda do Mar
(Via Agridoce)

Pela marca que nos deixa
A ausência de som que emana das estrelas
Pela falta que nos faz
A nossa própria luz a nos orientar
Doido corpo que se move
É a solidão nos bares que a gente frequenta
Pela mágica do dia
Que independeria da gente pensar
Não me fale do seu medo
Eu conheço inteira sua fantasia
E é como se fosse pouca
E a tua alegria não fosse bastar
Quando eu não estiver por perto
Canta aquela música que a gente ria
É tudo que eu cantaria
E quando eu for embora, você cantará.

- Oswaldo M. - Estrelas.

chico


"Tudo é vário. Temporário. Efêmero"

Le petit prince égoïste
E sua flor de uísque
Em seu planeta sem cor
Mas quem se importa?

[...]

Sexta-feira!
É sexta-feira, amor!
Sexta-feira!



Daqui pra já
Eu e você
Daqui pra lá
Não vai sobrar
Nada pra ser
Mas quem se importa?


Tem quem queira!


pontocego'

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

vem.

[...]
em alguém, não fosse tão só pedras de seus olhos
se ferirem; mais seguro era cegar as vontades; cerrados
os olhos calariam o teatro excessivo dos gestos; talvez
dormisse, mas a insônia vinha branca ácida alta.
Houve uma vez um comandante prussiano

recostado fundo na poltrona cavando com as esporas
de sua bota o mármore da lareira, lembrava,
era mais fácil deixar a solidão crescer no vento
vir ao quadril, lembrava do conto enquanto seus olhos
erravam, esperança em pelo, juízo em vão, fome

de um relance, um fio. Suave, se ainda soubesse, era
beber sem supor alguém após o drinque, gastar-se só,
sem presumir um abraço à saída do cinema, à saída
de sábado, mas ele sacrificaria qualquer ponderação
para persistir no engano de seguir à própria sorte
[...]


Miolo Sentimental
Eu-canaã

Orelhas

Estão certas todas as canções banais letras convencionais
seus corações como são de praxe; estão certos os poemas
enfáticos inchados de artifícios à luz óbvia da lua
ou de estúpidos crepúsculos; os sonetos mal alinhavados
toscos estão certos bem como as confissões íntimas
não lapidadas reles nem polidas; ouçamos o que dizem
sobre qualquer coisa; dizem não vai dar certo; repetem;
e se o verso é trivial é o mais sagaz quanto mais pueril
mais seguro quanto mais frouxo mais sólido quanto
mais rasteiro mais a toda prova e quanto mais barato
e quanto mais prolixo o alexandrino mais legítimo;
as formas desdentadas vêm do fundo; as odes indigestas
dizem tudo; o verso oco não traz menos que a verdade
nua e ponto. Estão certos os romances de aeroporto;
a quem busca um modelo procure o estúpido; se deseja
uma estrela de primeira grandeza escolha o simplório
é o que digo não busque senão na aberração a sinceridade
e no disparate a franqueza; prêmios literários não passam
de hipocrisia; estiveram desde sempre certos os erros
de tipografia; o contrassenso deve ser o mandamento
de quem precisa disfarçar o mal-estar após mostrá-lo
sem pudor; sim a saudade arde exatamente como
nos roteiros dos filmes mas só as fitas mais chinfrins
e com fins infelizes não mistificam e dizem de antemão
o que seremos: redundância errância perfeição.


Eucanaã Ferraz.

gragoatá

Arredou antes de clarear.
[...]
Atemporal.
Flutuando em degradê.

Foi até de manhã
Até o último descer
Foi de Chico a Nação
De notas tortas, prazer

Rebeca Sauwen.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

nerú


O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Toda vez que falta luz,
Toda vez que algo nos falta
O invisível nos salta aos olhos,
[...]

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015



"E me arrastei e te arranhei/ E me agarrei nos teus cabelos/ Nos teus pelos/ Teu pijama/ Nos teus pés/ Ao pé da cama"


- Atrás da porta.
Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha

[...]

-
mulher de chico, Bz.

avoura arcaica


“Os olhos no teto, a nudez dentro do quarto; róseo, azul ou violáceo, o quarto é inviolável; o quarto é individual, é um mundo, quarto catedral, onde, nos intervalos da angústia, se colhe, de um áspero caule, na palma da mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiro os objetos do corpo…”

- Raduan Nassar

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

  • Quis insistir que nada, mas não achei língua. Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca fora. Não podia tirar os olhos daquela criatura [...]

Da cama ouvi a voz dela [...]

- dom, casmurro - o desespero. LXXV

Escapei ao agregado, escapei a minha mãe não indo ao quarto dela, mas não escapei a mim mesmo. Corri ao meu quarto, e entrei atrás de mim. Eu falava-me, eu perseguia-me, eu atirava-me à cama, e rolava comigo, e chorava, e abafava os soluços com a ponta do lençol. Jurei não ir ver Capitu aquela tarde, nem nunca mais, e fazer-me padre de uma vez. Via-me já ordenado, diante dela, que choraria de arrependimento e me pediria perdão, mas eu, frio e sereno, não teria mais que desprezo, muito desprezo; voltava-lhe as costas. Chamava-lhe perversa. Duas vezes dei por mim mordendo os dentes, como se a tivesse entre eles.

Machado de Assis.

O mistério estava nos olhos. Estes eram opacos, não sempre nem tanto que não fossem também lúcidos e agudos, e neste último estado eram igualmente compridos; tão compridos e tão agudos que entravam pela gente abaixo, revolviam o coração e tornavam cá fora, prontos para nova entrada e outro revolvimento.
Machado de Assis


"A gente é certo um pro outro, mas é errado pra ficar junto. A gente não se merece, não combina. Mas, sei lá, não parece certo ficar separado. Do mesmo jeito que parece totalmente errado ficar junto. Tem tudo pra dar certo. Mas é que a gente só sabe fazer dar errado."

- robin and stubb.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

"Minha alma sabia que a ordem morava no meio do caos e ela estava disposta a suportar o horrendo do caos pela beleza inaudível que existia no meio dele."

Rubem Alves.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

-

[...]

"Eu apenas queria" sentir sua garganta,
massacrando todo o meu contentamento
e dizendo: 'calas, que eu sou só tua!'
nem que fosse mentira e um desalento!"

"O seu sumiço pode acabar comigo,
pois o tudo é pouco quando se quer Vida
Mesmo se remando contra a correnteza..."

[...]


O meu tudo é querer você
- Lustato T.
- Hagar-H
- Gonzaguinha



ELA



Seus olhos que brilham tanto,
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor

Suas faces purpurinas
De rubras cores divinas
De mago brilho e condão;
Meigas faces que harmonia
Inspira em doce poesia
Ao meu terno coração!

Sua boca meiga e breve,
Onde um sorriso de leve
Com doçura se desliza,
Ornando purpúrea cor,
Celestes lábios de amor
Que com neve se harmoniza.

Com sua boca mimosa
Solta voz harmoniosa
Que inspira ardente paixão,
Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um -sim-
P’ra alívio do coração!
Vem, ó anjo de candura,
Fazer a dita, a ventura
De minh’alma, sem vigor;
Donzela, vem dar-lhe alento,
“Dá-lhe um suspiro de amor!”

Ela e outros poemas
1839-1908

h.rod.

[...]


Ela se aproximou e mordeu meu braço.
- Um beijo é quando você se dá à outra pessoa. Uma mordida é quando você rouba alguém para si -, ela explicou.
Doeu. Mas foi uma estranha surpresa ela querer roubar algo que eu lhe daria de graça.
- um sorriso de oito graus na escala richter.

-
O que há de mais seguro também corre perigo.

-edoráuai.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

1leminski

"A poesia é movimento da linguagem em direção ao desconhecido. Um poeta não se faz com versos. O poeta é movimento. E todo ser em movimento é perigoso. Todo ser que se transforma incomoda. O poeta em movimento flagra o lado patético de nossas verdades absolutas, o belo que se esconde naquilo que tememos."



fp.bs

- Somos todos míopes, excepto para dentro; Só o sonho vê com (o) olhar.

Bernardo Soares

-
Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. Que mãos estenderei para que universo? O universo não é meu: sou eu.
 -

"Natureza da gente não cabe em certeza nenhuma."

- Guimarães R.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

-

"Todo dia, antes mesmo de dormir, eu acordo em desespero".

- Deglutição de pensamentos.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

tá-csi


"Nunca tive dúvidas que provaríamos o melhor sexo do mundo: aquele misto de libertar toda a vontade contida há anos com a raiva em saber que não seríamos um do outro pra sempre. Aquela tara presente em todo o sexo de reconciliação sem ao menos termos brigado antes. O cheiro sem máscaras, as vergonhas e tabus todos deixados do lado de fora do quarto. Os olhos que não se desviam, que se arregalam, que se conversam sem uma única palavra ser dita. O toque que arranha, que quase machuca de tão forte e intenso que precisa ser: a fantasia tornada realidade com certeza renderia alguns hematomas leves, apenas a cunho de ter certeza que não era mais uma vez a imaginação tomando conta da imaginação e traindo os sentidos. Sua mão em mim, minha boca em você. O cabelo emaranhado, a cor das nossas tatuagens levemente afetadas pelo escorrer do suor fruto de um prazer quase proibido de tão gostoso. O eriçar de mamilo que o leve raspar do teu peito causaria. O arrepio que a minha boca no teu pescoço causaria por inteiro. O gosto, o gozo, o ápice. E o repeteco."


- você vai ser sempre de alguém que não meu e eu vou ser sempre de alguém que não sua - Ponto.

Você.
Entre todas as coisas.
A. Armelin


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

"Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício[...]"

G. Ramos -

efêmer-a


”(…) Morriam de fome e de desespero. Abraçavam-se e deixavam-se ficar assim até a morte. E quando uma das partes morria, a outra ficava à deriva, procurando, procurando…até morrer também. (…) Um desejo jamais inteiramente saciado no ato de amar, porque mesmo derretendo-se no outro pelo espaço de um instante, a alma saberia, ainda que não conseguisse explicar, que seu anseio jamais seria completamente satisfeito. E a saudade da união perfeita renasceria, nem bem os últimos gemidos do amor se extinguissem.”

O Banquete de Platão

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

"E também pra me perpetuar
  Em tua escrava
  Que você pega, esfrega
  Nega, mas não lava"

Chico.

"E ali dançaram tanta dança
Que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade
Que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu em paz"

-
Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
-

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

!

A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.


Tratado geral das grandezas do ínfimo.
Manoel de B.



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

salve - mãe

Mar, imenso e profundo
Aqui deixo todos os meus males
Todas as más influências
Todos os pontos negativos
Que possam perturbar
A minha evolução...
Recebe em tuas profundezas
Tudo aquilo que me é maléfico
E devolve-me os fluídos eternos
Que hão de me tornar forte
Para que eu possa fortalecer
Todos aqueles que me rodeiam
Enche-me o espírito de bênçãos
Para que eu possa abençoar
Toda a humanidade
Em nome do infinito poder.
Lava-me a matéria
Para que eu possa conservá-la
Digna do espírito que me anima
Deixo na imensidade da tua força
Todos os males
E levarei comigo,
Todo o poder
Da magia superior que representas.

Odociaba!

elaé

[...]

Se ela passa, logo capta toda atenção pra si
A sua aparição invade todo o ambiente
E nem um ser sequer ousa andar pela calçada da indiferença

Pra quê tanta lindeza num ser só?
Não sei, mas assim o mundo fica pior
Isso ainda vai dar um dia motivo pra um manifesto contra a má distribuição da beleza!

- Validuaté