quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

sina-is

[...] Te perco no sono depois da despedida. Já aprendi que me agarrar a escombros ou destinos fatídicos resulta em dor. Dor lancinante, daquelas dores que a gente aprende a evitar porque sentir é demais pra aguentar quando não tem alguém pra dividir. Te perco e te reencontro nos cochilos de domingo, na esperança da correspondência da caixa 45 do meu prédio, da campainha que toca inesperada e recrio você a partir de memórias [...]

E eu sinto falta. Falta é toda a companhia que eu aceito porque ela não me pergunta sobre você. Não me pergunta e não me repreende pelo desespero que era precipitado e agora se confirma. Na caixa postal vazia, na falta de conexão e na vida de quem eu não faço mais parte. 

[...] É preciso que se enxergue com as mãos, com os cheiros, com o vento que os gestos fazem no ar. Suas linhas todas me são vivas no olhomental que carrego no fundo do estômago. Não preciso de olhos se tenho olhos na ponta dos dedos, na cavidade ínfima do nariz, no espaço mesmo entre o ombro e o pescoço. Te ofereceria um buquê de rosas, ou até uma caixinha de música, mas só tenho essas palavras… o espaço dentro do corpo ficou pequeno pra tanto sentir. Mas sentir é sempre entrega. É tanto entregar-me que em mim nada mais resta. É tanto dar-se que em mim nada mais cabe. Porque o dar também implica num movimento interno. E esse movimento acaba por preencher deixando vazio. Daí só me sobram as palavras ... [...]

- disfunção ardente que não cabe em nenhum parágrafo ou coisa morta. 'Vou me sendo' enquanto ainda não sou e espero com rosas nos cabelos: embaixo da chuva -

[...] Me deparei com a constatação de que, de você, nada tenho. São só sinais de difícil compreensão ou sinais que eu tenho inventado [...]


Com solidão compartilhada como um fantasma, eu ouço ainda mais alto: eu nunca vou esquecer de você!
* Hoje eu acordei pensando nos teus sinais *

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