Faz parecer que as vinte-e-quatro-horas do meu dia passam de-va-ga-ri-nho e não tem botão pra avançar em você como eu bem queria fazer agora. Deixo o trabalho e parece que eu tenho sempre quinze anos de idade de novo porque você me aflige, me ataca, me espreme e tira mais de mim do que muito psicanalista com doutorado e me causa uma taquicardia que a minha boca fica seca, eu me descontrolo – mesmo que só na minha cabeça – mas não repara, tá? Repara no que você me faz de bom e de como a vida ficou boa quando você quis ficar por aqui, passeando, me fazendo sala, jogando baralho xadrez dominó ou dormindo em cima de mim. Repara que eu estampo na cara o que o seu uso prolongado pode causar de efeito colateral – pra bem e pra mal – e as reações adversas que me causam o excesso e a abstinência de você. Repara que pra você eu me separo em partes, das que você precisa conhecer às que a gente pode ignorar um pouco agora, e sempre te apresento o melhor de mim, servido na bandeja com um Martini e azeitona.
Me lembra como é bom desacreditar e ser pego de surpresa com alguma coisa boba rondando a cabeça que até os meus amigos perguntam – mas já sabem que vem de você. Já sabem que eu misturo o teu cheiro, as tuas roupas, a sua preferência por cachorros e bebês que me deixam de lado nos shoppings cinemas peças parques encontros, os filminhos água-com-açúcar-que-você-adora-ver-escondida e faço uma bagunça danada dentro de mim. Engraçado que a gente tinha tudo pra se repelir porque você não é nem meu oposto, nem se parece comigo, nem sei dizer mesmo como é que um esbarrão podia ter sido a coisa mais doce da minha vida quando eu nem ao menos tinha provado o teu gosto.
D. Bovolento,
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