terça-feira, 10 de novembro de 2015

Elisa Bartlett

a unha afiada do suicida
rasgando as lembranças 
o esquecimento proposital
da ferida bruta despida
somos nós os sobreviventes
de amores nucleares
aqueles que matam em gotas
e diluídos no tempo
deixam sabores inesquecíveis


* filosofia de boteco
**
* tumblr

filosofiadeboteco

era demais:
eu não podia resistir à força
dela. eu a beijei. eu a beijei
de novo. eu era como um garoto na escola,
toda a minha dureza
tinha desaparecido

Charles Bukowski - 
- maldito rimbaud
** as pessoas parecem flores finalmente **

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

traves sia'

Quando você foi embora
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito,
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha,
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto,
Muito tenho prá falar

Solto a voz nas estradas,
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra,
Como posso sonhar
Sonho feito de brisa,
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto,
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte,
Tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver


[...]


Milton Nascimento


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

neru' e as dores

“Nós, os que perecemos, tocamos os metais, o vento, as margens do oceano, as pedras, sabendo que seguirão, imóveis ou ardentes, e eu fui descobrindo, dando nome às coisas: foi meu destino amar e despedir-me.”

~Pablo Neruda~

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

menina do mar. olhos


hoje é dia do mar
a mar, ah
a mar o mar
amaromar
amar
-
"Somos todos
um bando de viciados,
enquanto o mundo
não para nunca,
acelera
e nos engole.
Viciados
nas imagens cinematográficas
no noticiário da Folha de domingo
no rebolado de Cecília na avenida
na bebida, no Malboro, na escrita,
no sorriso escancarado de Joel
no espetáculo tragicômico da vida
no amor
na ferida
nas flores que despistam a morte
na despedida.
Somos todos
um bando de viciados
enquanto o caos
não para nunca,
acelera
e nos engole por dentro.
E depois do estrago o suicídio abre as gavetas
e escrevemos todas as magoas, as metades, as perdas
escancaramos nossas almas sem sinal nem cortinas
iniciamos o espetáculo da utopia desvanecida
porque chorar se torna medíocre
porque as mãos estão suadas e escorregadias
porque você não se cansa de ir embora
porque a visão não permite mais o foco
e a realidade escapole e afoga
e o amor alucina e ressuscita a única saída,
a poesia.
Somos um bando de poetas enlouquecidos."
-

Elisa Bartlett 
Cafe e poesias - via.