sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

flor do sol'

¨

Jacissuaçu
Porangareté
E a gente se ligando até...

Eu fiz a cabeça
Eu fui inventar
Uma flor do sol pra lhe dar
Flor do sol
Uma canção em dó bemol

É água, é areia
É chão, é suor
É jeito de ser assim

Criança de areia
Vagueia em mim
Sereia me chama
Camixaimá

Criança de areia
Vagueia em mim
Sereia me chama
Camixaimá

Jacissuaçu
Porangareté
Poranga larriê jaué

Me brinca, me dá
Estrela da paz
Me faz do que bem quiser

Jacissuaçu
Porangareté
Jacissuaçu
Porangareté

Flor do sol...
Do sol..


Cássia E.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

93.

Em mim foi sempre menor a intensidade das sensações que a intensidade da consciência delas.
Sofri sempre mais com a consciência de estar sofrendo que com o sofrimento de que tinha consciência.
A vida das minhas emoções mudou-se, de origem, para as salas do pensamento, e ali vivi sempre mais amplamente o conhecimento emotivo da vida.
E como o pensamento, quando alberga a emoção, se torna mais exigente que ela, o regime de consciência, em que passei a vive o que sentia, tornava-se mais quotidiana, mais epidérmica, tornava-se mais titilante a maneira como sentia.


Criei-me eco e abismo, pensando. Multipliquei-me aprofundando-me. O mais pequeno episódio — uma alteração saindo da luz, a queda enrolada de uma folha seca, a pétala que se despega amarelecida, a voz do outro lado do muro ou os passos de quem a diz junta aos de quem a deve escutar, o portão entreaberto da quinta velha, o pátio abrindo com um arco das casas aglomeradas ao luar — todas estas coisas, que me não pertencem, prendem-me a meditação sensível com laços de ressonância e de saudade. Em cada uma dessas sensações sou outro, renovo-me dolorosamente em cada impressão indefinida.
Vivo de impressões que me não pertencem, perdulário de renúncias, outro no modo como sou eu.

Fpessoa-

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

padê onã

[...]

Laroyê eleguá
Tomba o mal de joelhos
Só levantando o ogó
Dobra a força dos braços que eu vou só

Laroyê legbá
Guarda ilê, onã, orum
Coba xirê deste funfum
Cuida de mim que eu vou pra te saudar
Que eu vou pra te saudar

[...]

- fio de prumo,
criolo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

espaçonave

-
Pode mandar embrulhar que
Eu quero te levar pra viagem
Voltar pra nave mãe pra despressurizar
Deixar o sol me beijar, me beijar

Pra não deixar o seletor oscilar
E sintonizar freqüência errada.
-


ceu.

Esteves sem metafísica

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
                                                         
 - Tabacaria, Álvaro de Campos.


[...]Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?[...]

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

bravo

- Meu bom humor mora na tua pele.
Vaza daqui.

[...]não quero hoje toque de mão.

Bernardo
coisado


"Todas as canções que eu fiz pra ver se você vem?"
saudade.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

- caminho.


Janeiro. 11 - o prazer de ir.

Em 1887, nasceu, em Salta, o homem que foi Salta: Juan Carlos Dávalos, fundador de uma dinastia de músicos e poetas.
Pelo que dizem os dizeres, ele foi o primeiro tripulante de um Ford T, o Ford Bigode, naquelas comarcas do Norte argentino.
Pelos caminhos afora, la' vinha seu Ford T, roncando e esfumaçando.
Vinha lento. As tartarugas paravam e se sentavam para esperar por ele.
Um vizinho se aproximou. Preocupado, cumprimentou, comentou:
- Mas, dom Dávalos... Desse jeito, o senhor não vai chegar nunca...
E ele explicou:
- Eu não viajo para chegar. Viajo para ir.

Eduardo Galeano,
Os Filhos dos Dias.

1guia


 Oke Arô Oxóssi!
Salve, dia de São Sebastião.
Oxóssi.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

memória

"Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios"

- dCasmurro.
(war)m.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

um prato de flores

-
Mais perto da essência
O Sentido respira
Mas nem sempre o ar mais puro se tem
Mais perto da essência
O sentido respira
Consumido no perfume que vem
Eu vou lhe dar um prato de flores
E no seu ventre vou fazer o meu jardim
Que vai florir
Quando os espinhos lançarem as dores
Do cheiro forte do jardim que não tem fim
Que não tem fim
E o seu umbigo ainda em flor
Vai mexer com o tempo vai matar a dor denovo
[...]
Eu vou lhe dar um prato de flores
E no seu ventre vou fazer o meu jardim.


N. Zumbi