quinta-feira, 31 de julho de 2014

tiempo, no sé

"Si el amor, como todo, es cuestión de palabras, acercarme a tu cuerpo fue crear un idioma"

Mantido em isolamento até o fim dos dias,
- portador de poesia.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

1bkw

"Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles são burros demais para perceber que não estou mais ali."

Velho, Charles B.

§

-
Quando me disseste que não mais me amavas,
e que ias partir,
dura, precisa, bela e inabalável,
com a impassibilidade de um executor,
dilatou-se em mim o pavor das cavernas vazias…
Mas olhei-te bem nos olhos,
belos como o veludo das lagartas verdes,
e porque já houvesse lágrimas nos meus olhos,
tive pena de ti, de mim, de todos,
e me ri
da inutilidade das torturas predestinadas,
guardadas para nós, desde a treva das épocas,
quando a inexperiência dos Deuses
ainda não criara o mundo…

Guimarães Rosa

terça-feira, 29 de julho de 2014

retórica -



- E o meu, poesia de cego [...]

a.dos-anjos

Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataca-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!

Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultra-inquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!

Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah! Certamente eu sou a mais hedionda
Generalização do Desconforto...

Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!


O Poeta do Hediondo

quinta-feira, 24 de julho de 2014

vilarsuass

Nesta terra da saúde que o cabra põe doente, onde morre tanta gente e a vileza nunca para, mulher apanha na cara e homem faz o que quer, um rei meio quixote, meio doutor, desceu da realeza pra ver de perto a pobreza, sentir toda a sua dor. E pra ajudar seu povo de um a um, tirou a coroa e saiu à toa, vestido de pessoa comum.
Andando pra todo lado, de jeito santo e letrado, o rei feito andarilho viu o mundo, desceu ao fundo, cada pai e cada filho e cada mãe, ouviu o velho, ouviu o novo com paciência, gente de toda idade, pra entender de verdade a querência de seu povo.
E de tudo o que ele via, dedicado em seu trajeto, o rei fez poesia de encantar o mais abjeto. Nessa vida da gente modesta, com o povo fez sua festa. Aprendeu de tudo que não imaginava, e no trono já nem pensava.
Os anos foram passando, e o rei foi aqui ficando. Trabalhava feito louco, fez de tudo um pouco. Fez livros, fez peças, fez gravuras, fez amigos e inimigos, fez afetos gentis e desafetos imbecis. Foi advogado de profissão, professor, acadêmico, usou fardão! Fez filhos? Não. Fez uma prole! Só não fez foi corpo mole, que a vida anda dureza e não assente mera esperteza.
Pra oferecer conhecimento, ele não tinha lugar e não tinha hora. E até Nossa Senhora, precisada de opinião, o rei daqui mandou chamar. Lá foi ele dessa feita, as mãos juntas em oração, perguntar à Mãe Perfeita, se lhe cabia colaboração.
Tenho cá umas pendências, coisa de todo dia, respondeu a Virgem Maria. E você, cheio de experiências, pode muito me ajudar.
Então o rei voltou à terra, dar adeus, até logo aos seus. Mas seguro, de olhar firme, garantiu: ninguém se avexe, viu? Isso não é partida. Vou ali com a Compadecida olhar de perto para os meus.
Juntou suas coisas, seus livros e lembranças num gibão, montou seu cavalo de olhar esverdeado e cavalgou enluarado, até depois da imensidão.

E você, boa gente, leve essa história à frente. Mas se alguém quiser saber, curioso, gritando “como foi? Conta pra mim!”, você responda simplesmente:


“Não sei. Só sei que foi assim”.

oxente'


"Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa"
Ariano Suass-una,

terça-feira, 22 de julho de 2014

soldadodechumbo


Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão sendo enfiadas todas as experiências de beleza e de amor por que passamos. Aquilo que a memória amou fica eterno[...] - [...] Há momentos efêmeros que justificam toda uma vida.

"A imaginação é o lugar onde as coisas que não existem, existem."

Rubem Alves, Fragmentos dele
Pedaços meus.


sexta-feira, 18 de julho de 2014

RJ1938


Longe dos pescadores os rios infindáveis vão morrendo de sede lentamente...
Eles foram vistos caminhando de noite para o amor — oh, a mulher amada é como a fonte!

A mulher amada é como o pensamento do filósofo sofrendo
A mulher amada é como o lago dormindo no cerro perdido
Mas quem é essa misteriosa que é como um círio crepitando no peito?
Essa que tem olhos, lábios e dedos dentro da forma inexistente?

Pelo trigo a nascer nas campinas de sol a terra amorosa elevou a face pálida dos lírios
E os lavradores foram se mudando em príncipes de mãos finas e rostos transfigurados...

Oh, a mulher amada é como a onda sozinha correndo distante das praias Pousada no fundo estará a estrela, e mais além.


- Vinicius, M.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

pedraderio

Os poetas místicos são filósofos doentes, 
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.”

Litera-tortura, F. Pessoa - Alberto, C.

semsen-tido


[...]

"Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum.
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender"

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: -
As coisas não têm significação: têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas.

A. Caei-ro

domingo, 13 de julho de 2014

o

_
Cão Planetário Branco

Eu aperfeiçoo com o fim de amar
Produzindo a lealdade
Selo o processo do coração
Com o tom planetário da manifestação
Eu sou guiado pelo poder do infinito
_

"O guardião do meu coração me pede para brincar com ordem e perfeição."

quarta-feira, 9 de julho de 2014

a-festa, mariaR.

"Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios"


[...]por mais que eu os quisesse intermináveis -[...]

ah,
Capitu.

sexta-feira, 4 de julho de 2014


Tu pupila es azul, y cuando ríes
Su claridad suave me recuerda
El trémulo fulgor de la mañana
Que en el mar se refleja.

Tu pupila es azul y cuando lloras
Las transparentes lágrimas en ella
Se me figuran gotas de rocío
Sobre una violeta.

Tu pupila es azul y si en el fondo
Como un punto de luz radia una idea,
Me parece en el cielo de la tarde
Una perdida estrella.



¿Qué Es Poesía?

¿Qué es poesía?, dices mientras clavas
En mi pupila tu pupila azul.
¡Qué es poesía! ¿Y tú me lo preguntas?
Poesía eres tú.

Gustavo Adolfo Bécquer -

[...] - [...]
 Eu agora, – que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
 
- Mário Quintana, - Do Amoroso esquecimento

quinta-feira, 3 de julho de 2014